Agroecologia como ferramenta de transformação social

Texto por Priscila Facina Monnerat / MST

Imagem por Wellington Lenon / MST

 

Iniciamos o seminário de 11 anos da ELAA – Escola Latino Americana de Agroecologia com uma mística em companhia das crianças da Escola Municipal do Campo Contestado.  Com a inspiração deste momento, iniciamos a reflexão sobre os desafios na construção da agroecologia na Via Campesina e o papel da agroecologia no projeto de transformação social com a companheira Ceres Hadich, que já contribuiu no setor pedagógico da ELAA e atualmente coordena o setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST.

No seminário participam mais de 150 pessoas de sete países – Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, República Dominicana e Venezuela – de cerca de 25 organizações.

Em sua reflexão, Ceres faz um resgate histórico da agricultura e da agroecologia em diversos espaços e das políticas públicas no campo da agroecologia, com enfoque na perspectiva dos movimentos sociais.  Quando o debate teórico é incorporado pelos movimentos sociais ele se amplia para outras dimensões.  Segundo Ceres, a agroecologia, “para além do aspecto produtivo, traz aspectos relacionados a uma nova lógica de sociedade”, e evolui ao longo do tempo, o que pode ser percebido pelas sínteses de encontros da Via Campesina Internacional:

foto por Wellington Lenon

foto por Wellington Lenon

Outubro de 2008 – V Conferência Internacional da Via Campesina – Moçambique

“Nós camponesas e camponeses temos o direito de seguir produzindo alimentos para o mundo.  Cuidamos das sementes, que são a vida e pensamos que o ato de produzir alimentos é um ato de amor. A humanidade necessita da nossa presença, nos negamos a desaparecer.  Temos um compromisso com a produção de alimentos.”

Agosto de 2009 – I Encontro de Formação de Formadores em Agroecologia CLOC/Via Campesina – IALA Paulo Freire – Venezuela:

“A agroecologia faz parte de nossa ancestralidade, é nossa maneira dinâmica e racional de ser parte da natureza, respeitando a biodiversidade, seus ciclos e seu equilíbrio.  É uma de nossas formas de luta contra o avanço do capitalismo e toda a forma de dominação, por isto é uma construção política, popular, social, cultural, ancestral, científica, econômica, estratégica e de classe.”

“A agroecologia inclui o cuidado e a defesa da vida, a produção de alimentos, consciência política e organizativa, a aliança entre os povos e a cooperação.”

Julho de 2011 -II Encontro Continental de Formadoras e Formadores em Agroecologia –Guatemala:

“A agroecologia se fundamenta nos saberes e práticas ancestrais, que constrói conhecimento a partir do diálogo e o respeito a diferentes visões e processos, do intercâmbio de experiências e utiliza tecnologias apropriadas na produção de alimentos saudáveis que atenta para as necessidades da humanidade, em harmonia com a Pacha Mama.”

Além desta interessante linha do tempo, da evolução do pensamento agroecológico na via campesina, Ceres destacou que nosso grande desafio está no campo da metodologia, e trouxe exemplos de metodologias e processos que podem nos inspirar, como a Jornada de Agroecologia e o método cubano Campesino a Campesino.  “Não basta ter uma concepção de agroecologia, é preciso fazer que os saberes se encontrem e dialoguem”, e é isto que a ELAA tem praticado nos seus 11 anos de existência.

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