ELAA recebe educandas/os da IV Turma de Agroecologia e alimentos produzidos em suas comunidades

    A IV etapa da turma de agroecologia começou na segunda-feira dia 09/10/17 aqui na ELAA. São 51 educandas e educandos vindos de 6 diferentes países e 11 estados brasileiros. Os cursos da ELAA funcionam através da pedagogia da alternância – uma pedagogia pensada para atender as especificidades dos/as camponeses/as – que funciona em dois tempos educativos, o Tempo Escola e o Tempo Comunidade, sendo um complementar ao outro, fazendo a relação entre teoria e prática.

Créditos ao coletivo de comunicação

Créditos ao coletivo de comunicação

      No reencontro da turma acontece uma grande troca de experiências sobre o que cada um/uma vivenciou no tempo comunidade, visto que a turma é bastante heterogênea, são militantes oriundos de diferentes movimentos camponeses da América Latina que trazem em sua bagagem acúmulos diversos de lutas, formações e muitas histórias. Além disso, algumas pessoas trazem para o Tempo Escola os alimentos produzidos em suas comunidades, que vêm para diversificar nossa alimentação e fortalecer a soberania alimentar desse coletivo.

    Os educandos Luan Francisco Santana, Tiago Paiva e João Prates são de Ariquemes em Rondônia, carregaram na bagagem, por 2320 quilômetros, alguns quilos de farinha de mandioca, farinha de babaçu, pó de café e colorau. “Foi eu que preparei tudo, torrei o café, fiz o colorau, tirei o babaçu.” comenta João. A produção é toda do Assentamento 14 de agosto aonde vivem com suas famílias. O assentamento, composto por 64 famílias, produz alimentos orgânicos há mais de 16 anos. Há um grupo que trabalha coletivamente na produção e processamento dos alimentos e viabiliza a venda de diversas maneiras. Os companheiros contam que a transição para agroecologia tem acontecido aos poucos, debates que ultrapassam os limites da produção e que abarcam questões culturais, sociais e de gênero estão sendo introduzidos no cotidiano do coletivo.

Créditos ao coletivo de comunicação

    Mari Schalavin está acampada em Porecatú – PR no Acampamento Herdeiros da Luta, de lá ela trouxe mais de 60kg de feijão carioquinha, colhido coletivamente, aproveitando um cultivo que seria dispensado. O Acampamento já tem 9 anos de história e 280 famílias, segundo a companheira ainda há muita contradição no campo da produção, a agroecologia está mais presente nas falas do que nas ações, mas vem se construindo ao longo do tempo, a exemplo disso, o projeto de jovens implementando agroecologia na escola itinerante que não tinha essa finalidade, mas logrou produzir agroecologicamente junto aos jovens e crianças da comunidade.

Acervo pessoal

    Do Paraguai veio a erva-mate agroecológica, trazida pela educanda Celia Motta, que milita na organização CONAMURI. Celia vive na divisa entre os distritos de Itapuapoty e Edelira, e daí sai a produção de mate organizada por uma associação, que está produzindo dessa forma há três anos. No primeiro ano foram 1000kg, no segundo 3000kg e a meta para esse ano é chegar aos 5000kg. A educanda relata que a escolha pela erva-mate abarcou questões culturais e a viabilidade econômica, mas em primeiro lugar se pensou na autonomia da produção desse, que é um produto muito consumido pelos/as próprios/as agricultores/as. Junto a produção de mate as mulheres estão experimentando o cultivo da estévia, é uma atividade voltada para a visibilidade e empoderamento feminino.

Acervo pessoal

Texto por Laís Rossatto e Diego Fraga

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

6 + 7 =